Dois jovens apontados como responsáveis por matar Márcio Elizeu Melo e tentar assassinar a esposa dele foram denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina. Um deles é o filho do casal, que teria orquestrado todo o crime. O outro é amigo e comparsa do rapaz, o qual seria pago por ajudá-lo. A denúncia é uma etapa burocrática para que a dupla seja levada a julgamento. Porém, desta vez, trouxe uma nova revelação sobre a brutalidade do ataque: o homem perdeu a vida após levar 17 facadas.
Os jovens têm 18 anos de idade, estão presos preventivamente desde 1º de fevereiro e confessaram o crime. Eles vão responder por homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificados, com os agravantes de motivo torpe, meio cruel, cometimento mediante surpresa e recurso que dificultou a defesa das vítimas. A dupla ainda foi denunciada por corrupção de menores, pelo envolvimento de uma adolescente, a qual também está apreendida por determinação da justiça.
O crime bárbaro que chocou Indaial ocorreu na madrugada de 29 de janeiro deste ano.
Um roteiro de filme de horror
As investigações apontam que dois meses antes do crime o filho começou a planejar o assassinato dos pais. Ele repassou ao amigo detalhes sobre a localização das câmeras de segurança dentro do imóvel, indicando onde estava o ponto-cego que permitiria a entrada na casa sem ser registrada.
A polícia sustenta que, na noite de 28 de janeiro, o casal foi dormir e o filho saiu do imóvel com uma mochila nas costas, por volta das 22h50min. Ele deixou a janela do quarto de hóspedes aberta. O rapaz foi até a casa do amigo, vestiu outra roupa e seguiram juntos para a residência do casal.
Por ser uma área com muitas câmeras, a dupla decidiu passar pelo mato e o filho acabou perdendo a faca que usaria. Pouco antes da meia-noite e meia, os dois entraram na casa e o filho foi até a cozinha buscar outra faca, já que tinha ficado desarmado. A câmera de segurança registrou o momento.
O pai ouviu o barulho e acordou, o que não estava nos planos, pois o jovem teria dito que a ideia era cometer o crime enquanto o casal dormia. Após esfaquearem as vítimas, voltaram para a casa do amigo, onde o filho vestiu a roupa que aparecia usando quando saiu de casa.
Já por volta da 1h, a polícia foi chamada. Uma hora depois disso, o jovem apareceu.
Um vizinho se prontificou a contar sobre o ataque para o jovem, para confortá-lo, sem suspeitar do envolvimento dele. Entretanto, o comportamento do jovem teria levantado suspeita desde aquele momento, pois já chegou se justificando sobre o paradeiro naquela madrugada.
O que ele não esperava era que logo o álibi seria desmascarado e o amigo contaria sobre ter sido “contratado” para participar do crime. Os dois foram presos em 1º de fevereiro e confessaram o crime. O pai morreu e a mãe, apesar da série de golpes, sobreviveu.
A motivação seria um “ódio grande dos pais”, nas palavras do delegado Filipe Martins. Ele era filho único.
A crueldade do caso chocou até mesmo a Polícia Civil. As investigações mostraram que o filho chegou a escolher a dedo qual dos dois ele mesmo mataria. Conforme Martins, o filho fazia questão de matar o pai e o amigo ficaria responsável por assassinar a mãe.
Porém, o homem acordou e entrou em luta com o amigo, que acabou o matando.
— O filho então começou a esfaquear a própria mãe. Quando o amigo terminou de matar o pai, veio e também golpeou a mulher — revela o delegado.
Polícia Civil aponta que após as mortes eles desejavam entrar no mercado de produção e venda de maconha. O filho teria oferecido R$ 50 mil mais um carro como pagamento para o amigo o ajudar a matar os pais. Depois disso a ideia era vender parte do patrimônio da família.
O dinheiro seria usado na compra de uma chácara. O filho almejava cuidar do cultivo da droga enquanto o comparsa ficaria responsável pela venda.
NSC