O valor total da produção agrícola catarinense foi de aproximadamente R$ 19,5 bilhões em 2024. O dado representa uma queda em relação ao ano anterior, que atingiu R$ 22,5 bilhões. As informações são da Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última quinta-feira, 11.
Santa Catarina ocupa a 11ª colocação entre todos os estados brasileiros, uma posição abaixo de 2023. Os dados consideram todos os produtos pesquisados pelo IBGE tanto de lavoura temporária quanto permanente.
Conforme a PAM, houve uma queda nominal de 13,5% em relação a 2023, o que representou cerca de R$ 3 bilhões a menos no valor total da produção agrícola no Estado. Ainda, Santa Catarina participa com 2,5% do valor da produção nacional. Em 2023, a participação era equivalente a 2,8%.
A queda no valor catarinense acompanhou o cenário nacional. No Brasil todo, o valor da produção agrícola atingiu R$ 783,2 bilhões, o que representou uma retração nominal de 3,9% em relação a 2023.
Ranking das produções catarinenses
De acordo com os dados divulgados, a soja, com R$ 5,32 bilhões, segue com o maior valor da produção catarinense apesar da queda nominal de 24,1% frente a 2023. Já o fumo ocupa o segundo lugar em valor da produção, com R$ 3,21 bilhões, e, ao contrário da soja, teve crescimento nominal de 3,5% em 2024.
O milho atingiu o valor de R$ 1,76 bilhão, o que representa um recuo expressivo de 42,7%, caindo de terceiro para quarto no ranking de valor da produção no último ano. A participação é de 9,0%. A posição foi ocupada pelo arroz, com R$ 2,33 bilhões, que teve crescimento nominal de 9,8%, e responde agora por 11,9% do valor da produção total.
Ainda, a maçã teve o quinto valor da produção catarinense, com alta de 1,5% ao alcançar R$ 1,59 bilhão, enquanto a banana, em sexto, recuou 1,5%, com R$ 1,52 bilhão.
Por fim, a cebola, com o valor da produção em R$ 773,3 milhões, ficou na sétima colocação, caindo 31,1%, mesmo com o crescimento de 41,6% na produção, seguida pelo trigo, com R$ 510,5 milhões, que teve o maior crescimento, de 84,5%, dentre os principais produtos.
El niño e a queda na produção nacional
O ano de 2024 foi marcado pela redução nas culturas de soja e milho em todo o país devido à influência climática do El Niño que, ao contrário dos anos anteriores, provocou estiagem prolongada mais severa. Em Santa Catarina, não foi diferente: a queda na produção de soja no Estado foi de 24,11%, se comparado a 2023. Já em relação ao milho foi ainda mais brusca: 42,72%.
No Brasil, a soja e o milho apresentaram queda de 5% e 12,9% na produção, respectivamente, e sofreram com a retração dos preços no mercado internacional. Ambos foram os produtos que mais contribuíram para a queda no valor de produção agrícola nacional, de acordo com o PAM. Ainda assim, dentre todas as culturas agrícolas, a soja permanece em destaque em termos de valor gerado, tendo participação de cerca de um terço do total nacional.
Ondas de calor e pancadas de chuva marcaram verão em SC
A safra de soja no Brasil, de forma geral, tem o plantio concentrado entre setembro e novembro, com colheita que pode variar de janeiro a maio. Para o milho, a primeira safra (de verão) ocorre simultaneamente com a soja.
Em Santa Catarina, o verão 2024/2025 foi a estação mais quente do ano, com temperaturas em alta, chegando a 30°C, além de registrar a ocorrência das famosas “chuvas de verão” no fim da tarde. Ou seja, apesar da presença da chuva, ela ocorreu de forma pontual e não gradual, o que causou a estiagem em alguns momentos.
Isso pode ter prejudicado a produção das duas culturas, uma vez que, segundo o estudo do IBGE, é importante que as chuvas sejam bem distribuídas para que elas completem um bom ciclo. O milho, por exemplo, foi prejudicado logo no início da safra devido a temperaturas abaixo de 15°C e as geadas em agosto de 2024.