Santa Catarina recebeu na última semana 56 unidades do antídoto fomepizol, medicamento utlizado no tratamento de intoxicações por metanol. A remessa faz parte de um lote com 2,5 mil ampolas adquirido pelo Ministério da Saúde para reforçar o estoque estratégico do SUS, com distribuição a todos os estados e ao Distrito Federal.
Essa é a primeira vez que o Brasil adquire o fomepizol, em negociação realizada com uma subsidiária de empresa japonesa. O antídoto é considerado raro devido à baixa produção mundial.
“Já temos no Brasil o etanol disponibilizado em todas as unidades da federação. O que estamos oferecendo agora é uma segunda opção, o fomepizol, adquirido via Opas com apoio da Anvisa. O objetivo é que todos os estados do país tenham à disposição tanto o etanol quanto o fomepizol”, explica a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão.
Como o antídoto age no organismo
O fomepizol é uma alternativa ao etanol farmacêutico, já usado no tratamento de intoxicações por metanol. O medicamento impede que o metanol seja metabolizado em ácido fórmico, substância responsável por causar acidose metabólica, o que o torna altamente eficaz e seguro.
Ao bloquear a enzima álcool desidrogenase (ADH), o fomepizol impede a formação de metabólitos venenosos, permitindo que o corpo elimine as substâncias tóxicas de forma mais segura. Por causa do alto custo e da baixa demanda, a produção do antídoto é limitada no mercado internacional.
Segundo o Ministério da Saúde, o quantitativo enviado a cada estado foi definido conforme a população estimada pelo IBGE, de modo a assegurar uma oferta equânime e a resposta rápida a emergências toxicológicas. As unidades federativas poderão solicitar novas remessas conforme a demanda e os registros de casos.
Surtos de intoxicação
Nos últimos meses, o Brasil registrou surtos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, especialmente em São Paulo e em outros estados do Sudeste. O metanol, usado de forma ilegal na produção de cachaças e destilados, é altamente tóxico e pode causar cegueira e morte mesmo em pequenas quantidades.
De acordo com o Ministério da Saúde, até esta segunda-feira, dia 13, o Brasil registrava 213 notificações de intoxicação por metanol associadas ao consumo de bebidas adulteradas. Desses, 32 casos foram confirmados e 181 ainda estão em investigação. Santa Catarina não possui, até o momento, registros de casos confirmados ou suspeitos. São Paulo é o único estado com mortes confirmadas — cinco até agora — e outros nove óbitos seguem sob apuração.
Em caso de suspeita de intoxicação, o Ministério da Saúde orienta que a pessoa procure imediatamente um serviço de urgência e informe o consumo de bebida alcoólica recente. Os sintomas mais comuns são náusea, dor de cabeça, visão turva, tontura e falta de coordenação motora. A população também deve evitar bebidas de origem duvidosa, sem rótulo, selo fiscal ou procedência conhecida, e pode denunciar a comercialização desses produtos aos órgãos de vigilância sanitária locais.
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