A região de Itapiranga é referência nacional na luta contra a construção de barragens. Esta resistência virou filme. Um documentário que resume os mais de 40 anos de esforços para impedir uma hidrelétrica no Rio Uruguai, em Itapiranga. A obra ainda faz parte do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, porém um projeto sem avanços nos últimos anos.
Nesta sexta-feira, 13, terá a pré-estreia, às 19h, no clube da comunidade de linha Catres, interior de Mondaí. Conforme uma das diretoras do filme, Ilka Goldschmidt, a produção tem recortes marcantes do movimento de resistência que iniciou nos anos 80 e que virou símbolo de mobilização popular.
Em mais de 40 anos de luta, moradores arrancaram marcos e impediram que técnicos e engenheiros das empresas de energia chegassem em suas comunidades. Ilka Goldschmidt salienta que a Barragem de Itapiranga não foi construída e o Rio Uruguai se mantém vivo no último trecho antes da Argentina. O nome do filme, Pedra Vermelha, faz referência Itapiranga, em Tupi Guarani.
A Diretora menciona que o MAB é uma pedra no caminho dos projetos de exploração hidrelétrica no Sul do Brasil. Segundo Ilka, o trabalho de pesquisa envolveu 6 municípios em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, porém com destaque para Itapiranga, que seria o local de construção da barragem. O filme tem 97 minutos de duração.
Coordenadores do MAB foram referências para pesquisa e produção do filme Pedra Vermelha. De acordo com Ilka Goldschmidt, foram relacionados depoimentos de 37 pessoas das comunidades de Sede Capela, Santa Fé Baixa, em Itapiranga. Catres e Ervas, Mondaí e ainda, Caiçara, no Rio Grande do Sul. Ela chama atenção para a importância da colaboração dos coordenadores do MAB, Pedro Melchiors, Roque Theobald e Arsélio Mossmann.
Conforme a Diretora do filme, o longa-metragem destaca momentos relevantes da trajetória do Movimento dos Atingidos por Barragens, como o ocorrido em 2007, com o famoso tratoraço e a invasão em uma reunião que ocorria na prefeitura com presença de representantes de uma empresa responsável por pesquisas referentes a barragem. Em 2009 ocorreu uma caminhada no centro de Itapiranga mobilizando diversas entidades. Ilka menciona uma audiência pública realizada em 2014 como a última grande mobilização em referência a usina hidrelétrica.
Segundo Ilka Goldschmidt, o filme revela as múltiplas vozes e memórias das comunidades ameaçadas pelo projeto da usina, e destaca a força dos movimentos sociais e lideranças comunitárias que, desde a década de 1980, enfrentam a tentativa de avanço do empreendimento que coloca em risco suas terras, histórias e modos de vida. O projeto de aproveitamento hídrico do Rio Uruguai, o chamado Inventário Hidroenergético da Eletrobrás, é dos anos 1960, e previa a construção de 25 grandes barragens.
A pré-estreia do filme será em sessão aberta ao público e vai contar com a presença dos personagens dessa história e moradores das comunidades atingidas. O evento está sendo promovido em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens. Após a exibição haverá um bate-papo com a presença da equipe que produziu o filme.
Confira o trailer: