A cantora Preta Gil morreu vítima de câncer colorretal no domingo (20), aos 50 anos. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a doença mata cerca de 900 mil pessoas por ano, com mais de 1,9 milhões de diagnósticos só em 2022.
Preta Gil estava em tratamento em Nova York, nos Estados Unidos, e se preparava para retornar ao Brasil quando passou mal. Ela foi diagnosticada com adenocarcinoma no reto, um tipo comum de câncer colorretal, em janeiro de 2023.
Também conhecido como câncer de cólon e reto, o tumor surge na parte final do intestino grosso e se manifesta por pólipos, que são lesões formadas pelo crescimento anormal de células na mucosa da parede intestinal.
As lesões costumam ser benignas, mas podem evoluir para um câncer. Segundo o Ministério da Saúde, o câncer colorretal é tratável e pode ser curada na maioria dos casos, desde que detectada de forma precoce, quando ainda não se espalhou para outros órgãos.
Por essa razão, é importante ficar de olho nos pólipos e retirá-los para prevenir o câncer colorretal. Esse acompanhamento pode ser feito por meio de colonoscopia e retossigmoidoscopias, exames de imagem que permitem visualizar o cólon e o reto.
Primeiros sintomas do câncer colorretal podem passar despercebidos
O estágio inicial da doença pode se manifestar de maneira silenciosa, o que atrasa o diagnóstico. Muitos pacientes ignoram sintomas como desconforto abdominal e alteração no formato das fezes.
A cantora Preta Gil buscou atendimento médico ao notar o sangramento na evacuação. Esse é um dos principais sinais do câncer colorretal, que pode ser detectado por meio de exames de fezes.
Confira os principais sintomas:
- Sangue nas fezes;
- Fezes muito finas ou compridas;
- Alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados);
- Dor ou desconforto abdominal;
- Fraqueza e anemia;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Massa (tumoração) abdominal.
Câncer de Preta Gil cresce entre os jovens e está relacionado à alimentação
O crescimento dos casos entre a população mais jovem tem preocupado os cientistas. Um estudo da ACS (American Cancer Society) revelou que a proporção de diagnósticos entre pacientes com menos de 55 anos dobrou de 1995 para 2019, passando de 10% para 20%.Conforme o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a incidência do câncer colorretal no Brasil só perde para o câncer de mama entre as mulheres e de próstata entre os homens, desconsiderando os tumores de pele não melanoma.
O Instituto aponta que a doença está associada aos hábitos de vida, como tabagismo, alimentação inadequada e falta de atividade física. O consumo de carnes processadas e ultraprocessadas, como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame, aumentam o risco.
A ingestão a carne vermelha acima do limite de 300 gramas de carne cozida por semana também é um sinal de alerta, de acordo com o Hospital Albert Einstein, assim como a defumação desses alimentos.
Isso porque as substâncias presentes na fumaça do processo de defumação e os conservantes adicionados, como os nitritos e nitratos, podem contribuir para o surgimento das lesões intestinais.
Uma maneira de prevenir a doença é consumir alimentos in natura, tais como frutas, legumes e verduras. O grupo tem efeitos anticancerígenos e ajudam a evitar o início e o progresso do tumor, segundo o Ministério da Saúde. Uma alimentação rica em fibras, cereais e grãos integrais, também ajuda na prevenção.
O excesso de gordura corporal leva a um estado de inflamação crônica e pode colaborar para a formação do câncer colorretal. É preciso manter um IMC (Índice de Massa Corporal) entre 18.5 e 24.9 Kg/m² para se prevenir.
Nesse sentido, é recomendado um mínimo de 150 minutos de atividade física moderada por semana. O exercício ajuda a reduzir os marcadores inflamatórios e o tempo de trânsito gastrointestinal, além de promover o equilíbrio nos níveis de hormônios e melhorar a imunidade.
Outro fator de risco para o câncer colorretal é o consumo de álcool e cigarro. Segundo o Ministério da Saúde, a ingestão superior a cerca de duas doses de bebida alcóolica por dia representa um perigo.
Preta Gil amputou o reto como parte do tratamento do câncer corretal
A cantora Preta Gil precisou fazer uma cirurgia de amputação do reto como parte do tratamento inicial contra o câncer colorretal em 2023. Em agosto de 2024, ela descobriu a recidiva do câncer em quatro novos pontos.
O pai, Gilberto Gil, confirmou a morte na noite de domingo e anunciou que a família prepara a repatriação do corpo para o velório no Brasil.
“Pedimos a compreensão de tantos queridos amigos, fãs e profissionais da imprensa enquanto atravessamos esse momento difícil em família. Assim que possível, divulgaremos informações sobre as despedidas”, escreveu o artista em nota.
O tratamento do câncer colorretal depende do tamanho, localização e extensão do tumor. Na cirurgia, os médicos retiram a parte do intestino afetada e nódulos linfáticos próximos à região. A possibilidade de recorrência é reduzida pela radioterapia, que pode ser associada ou não à quimioterapia.
As chances de cura são menores quando a doença já se espalhou, com metástases para o fígado, pulmão e outros órgãos. Por isso a importância de se atentar aos sintomas, realizar endoscopias com acompanhamento médico e garantir o diagnóstico precoce do câncer colorretal.
