Conhecida como uma das rodovias mais perigosas de Santa Catarina, a BR-282 registrou 867 acidentes e 67 mortes entre janeiro a agosto de 2025, de acordo com um levantamento exclusivo feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) à pedido do NSC Total. Os trechos mais perigosos ficam na Grande Florianópolis e em Xanxerê, no Oeste, como mostram os dados.
A BR-282 é uma das rodovias mais longas do Estado, e cruza Santa Catarina indo da Grande Florianópolis até a Argentina. De acordo com a PRF, o trecho com mais acidentes é a Via Expressa, que somou 161 ocorrências em 2025, nas quais 185 pessoas ficaram feridas e cinco morreram. Conforme a corporação, a Via Expressa tem características únicas, pois inclui seis faixas de rolamento, volume médio diário de 100 mil veículos e trânsito quase unicamente urbanizado.
Em seguida, o trecho mais perigoso é entre o km 10 e o km 20, em Palhoça, onde foram registrados 62 acidentes, com 77 feridos e três mortes. Depois, o trecho entre o km 20 e o km 30, em Santo Amaro da Imperatriz, com 37 acidentes, 47 feridos e dois mortos. Ambos os trechos também são altamente urbanizados e usados pela população para descolamento diário, conforme a PRF.
Já no interior do Estado, o trecho mais perigoso é o do km 500 ao 510, que passa por Xanxerê. Em 2025, foram registrados 25 acidentes, com 27 feridos e dois mortos. Segundo a PRF, o trecho é usado por veículos de carga com produtos do agronegócio e também é altamente urbanizado, usado por moradores da cidade para se deslocar entre bairros e para a cidade vizinha, Chapecó.
Aumento na proporção de acidentes
Em 2025, a BR-282 registrou uma queda no número de acidentes em relação ao ano passado. No entanto, a proporção de mortes por ocorrência aumentou neste ano ao comparar com o mesmo período de 2024.
Neste ano, foram 867 acidentes, com 67 mortes, entre janeiro e agosto. No mesmo período de 2024, o volume de acidentes foi maior — 944 registros até agosto, com 82 mortos. Ou seja, neste ano houve uma redução no número de acidentes e mortes, mas a proporção de vítimas fatais em relação ao total de ocorrências cresceu: em 2025, há uma morte a cada 12,9 acidentes; no mesmo período do ano passado, a relação era de uma a cada 11,5.
Conforme o levantamento da PRF, os meses mais letais de 2025 até agora foram maio, junho e julho, com 13, 11 e 12 mortes, respectivamente. Os dois últimos, inclusive, superaram os óbitos do ano passado.
De acordo com a instrutora e especialista em trânsito, Márcia Pontes, a BR-282 enfrenta dificuldades históricas ligadas às características da rodovia, que passa por áreas com muitas curvas e morros:
— Tudo o que se produz no Estado passa por ali. Carecemos de duplicação, não existem faixas adicionais. A sinalização é ruim, muitas vezes depredada, a vegetação avança no acostamento, há deformidade no asfalto pelo peso dos caminhões. O acostamento é estreito, o que torna paradas de emergência perigosas — pontua.
Atualmente, há um projeto para a duplicação da rodovia. Em nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que possui 13 lotes de projetos de duplicação contratados entre Palhoça e São Miguel do Oeste, com investimento estimado superior a R$ 3 bilhões.
Segundo o departamento, o Contorno de Santo Amaro da Imperatriz, cujo projeto de sete quilômetros inclui túneis, viadutos e ponte, está em fase final. Também estão em andamento futuras terceiras faixas entre Águas Mornas e Alfredo Wagner.
Ainda de acordo com o DNIT, há obras em andamento no viaduto de Rancho Queimado, com previsão de conclusão para o fim de 2025, e nas vias marginais de Maravilha, no Oeste, com entrega prevista para junho de 2026. Já em Palhoça, o anteprojeto de vias marginais entre os km 15 e 18 aguarda a formalização de um acordo entre o município e o DNIT para que a obra possa ser licitada.
NSC