Uma das maiores causas de acidentes no trânsito brasileiro, o mal súbito ao volante já deixou seis mortos nas rodovias federais que cruzam Santa Catarina, somente em 2025. Da mesma causa, até setembro, já são 590 ocorrências no somatório das estradas identificadas pela sigla BR.
Em 2024, o Brasil registrou 811 acidentes provocados por mal súbito, que resultaram em 1.220 feridos e 359 mortes nas rodovias federais.
Somente em Santa Catarina, foram 52 acidentes, com 61 feridos e seis vítimas fatais. No ano anterior, o balanço terminou com 61 registros e sete mortes.
Entre os episódios mais recentes está o de um motorista de 43 anos que morreu há menos de um mês no Contorno Viário Oeste, em Chapecó. Segundo a Polícia Civil, o acidente ocorreu por volta das 14h30, quando Andrei perdeu o controle do caminhão, saiu da pista e bateu em uma árvore às margens da rodovia.
Embora não haja dados específicos sobre as rodovias estaduais, outros casos chamaram atenção. Na última sexta-feira (14), um motorista que seguia pela SC-401, no sentido centro de Florianópolis, começou a perder os sentidos enquanto dirigia uma Hilux na companhia da esposa.
Um motorista de ônibus percebeu a situação, retirou o homem de dentro da caminhonete e acionou o socorro, mas a morte foi confirmada ainda no local.
A cena se repetiu meses antes, em junho, na SC-108, em Brusque. Um homem de 50 anos colidiu contra um poste e não resistiu. Para a Polícia Militar Rodoviária, a suspeita é de que ele tenha sofrido um mal súbito antes de perder o controle do veículo.
Como evitar acidentes
Segundo o Flavio Emir Adura, diretor científico da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), em entrevista ao Fantástico, o mal súbito é um evento médico inesperado e grave, como uma parada cardíaca, um desmaio ou uma convulsão.
Ele explica que estudos internacionais apontam que esse tipo de ocorrência está entre 5% e 10% dos acidentes mais severos.
— A primeira causa é a causa cardiológica. É o infarto do miocárdio, são as arritmias cardíacas — afirmou. A segunda é o Acidente Vascular Cerebral (AVC). O médico também cita hipoglicemia, crises epilépticas e o uso de álcool, drogas ou medicamentos.
O cardiologista Helio Castello, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, lembra que o mal súbito é um sintoma, não uma doença. — Na verdade, o mal súbito não é uma doença, e sim um sintoma de diversos problemas — explicou. — Em resumo, trata-se de uma perda repentina de consciência — completou.
O desmaio pode surgir por queda rápida da pressão arterial, arritmias, estresse intenso ou falta de oxigênio no cérebro causada por parada cardíaca ou problemas respiratórios.
Também pode ocorrer em casos de convulsões, traumas ou alterações metabólicas mais graves. Em todas essas situações, o cérebro recebe menos oxigênio e nutrientes do que precisa, o que pode causar danos permanentes ou até levar à morte.
A prevenção, reforça o Dr. Flavio Emir Adura começa pela atenção aos sinais. Pessoas com doenças crônicas precisam manter acompanhamento e controle rigoroso. — Jamais dirija num dia em que está se sentindo mal — orientou o médico.
NSC
