Em documentos enviados ao Ministério da Previdência Social, o INSS afirma que o bloqueio de verbas ameaça travar o processamento da folha de benefícios e inviabilizar contratos essenciais. As informações são da Folha de S. Paulo.
Entre os serviços afetados, o INSS cita o acordo com os Correios — responsável por atender aposentados que tiveram descontos indevidos em seus benefícios. O contrato, que prevê pagamento de R$ 7,90 por atendimento, foi firmado justamente para acelerar a devolução de valores às vítimas de fraudes. Sem reforço orçamentário, esse atendimento pode ser suspenso.
A situação ficou ainda mais delicada após a publicação de uma portaria do governo que cortou R$ 190 milhões dos R$ 455 milhões previstos para o processamento de dados previdenciários.
Em outro ato, o Executivo também reduziu o limite de movimentação e empenho de recursos até o fim do ano. Na prática, o INSS afirma que essas medidas o impedem de emitir novas notas de empenho ou executar despesas já contratadas.
Bloqueio de verbas no INSS: presidente pede reforço orçamentário
Nos documentos, o instituto alerta para um “efeito cascata” de consequências graves: além do risco de interrupção na folha de pagamento, há ameaça de paralisação dos serviços de manutenção das agências e até do call center. Em último caso, o INSS diz que poderia acumular “dívidas sem respaldo orçamentário”, o que exporia os gestores a responsabilização pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, alertou que o bloqueio de verbas pode comprometer o pagamento de aposentadorias e travar serviços essenciais.Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, alertou que o bloqueio de verbas pode comprometer o pagamento de aposentadorias e travar serviços essenciais.
Procurado, o INSS não se manifestou sobre o caso. O Ministério da Previdência informou que já encaminhou o pedido ao Ministério do Planejamento e Orçamento. A crise ocorre em meio à pressão política sobre o instituto, que é alvo de uma CPMI no Congresso após a descoberta de descontos irregulares em benefícios de aposentados.
Com o caixa travado e os serviços sob risco, o INSS tenta evitar que a crise orçamentária se transforme em uma crise social — com milhões de aposentados e pensionistas na linha de frente do impacto.
ND+ com Folha de SP